Autonomia ou fraude? País discute limites da ‘pejotização’ do trabalhador

O mercado de trabalho brasileiro assiste a uma transformação acelerada: a crescente “pejotização”. Esta prática, onde o trabalhador é contratado como Pessoa Jurídica (PJ) em vez de empregado CLT, dobrou nos últimos anos, atingindo 7 milhões de pessoas. No entanto, o tema está no centro de um intenso debate judicial e social, com o Supremo Tribunal Federal (STF) prestes a decidir sobre a legalidade e os limites desse modelo.

A GRS Advogados resume os pontos cruciais que definem o risco jurídico e o futuro da contratação de serviços no país.


A Fraude e a Precarização: O Risco Jurídico

Embora a contratação de PJ seja legal quando há autonomia, juízes e auditores-fiscais do Trabalho alertam que grande parte da pejotização é fraudulenta.

O que configura o risco de fraude e o vínculo empregatício (CLT):

O contrato PJ será desconsiderado pela Justiça do Trabalho se houver presença cumulativa dos quatro requisitos da CLT:

  1. Pessoalidade: O PJ não pode delegar o serviço a terceiros; ele próprio deve executá-lo.
  2. Onerosidade: Recebimento de pagamento pelo serviço.
  3. Habitualidade: Prestação de serviços de forma regular, e não eventual.
  4. Subordinação: O PJ se submete às ordens, horários ou métodos de trabalho definidos pela contratante.

Preocupação Social: Levantamentos mostram que 56% das pejotizações fraudulentas recentes envolvem trabalhadores com remuneração de até R$ 2 mil, espraiando a precarização para vendedores, garçons e atendentes.

A Vantagem Econômica e a Perda de Direitos

A atratividade da PJ reside na economia tributária e de encargos:

  • Economia para a Empresa: A empresa economiza cerca de 30% em comparação com a contratação CLT, pois elimina custos como 13º salário, férias, FGTS e grande parte dos tributos.
  • Prejuízo ao Trabalhador: O trabalhador, em médio e longo prazo, perde a rede de proteção social: não tem direito a licença-maternidade remunerada, descanso semanal, seguro-desemprego ou a cobertura integral do INSS, além de perder a proteção de leis como a de igualdade salarial.

A Decisão que Mudará o Jogo: O STF

O debate sobre a validade da pejotização e a competência para julgar esses casos está paralisado aguardando uma decisão do Plenário do STF.

  • Suspensão dos Processos: O Ministro Gilmar Mendes determinou a suspensão de todos os processos que questionam a licitude da pejotização até que o STF defina uma tese de repercussão geral.
  • O Grande Questionamento: O STF definirá não apenas quando a pejotização é válida, mas também se os litígios devem ser julgados pela Justiça do Trabalho (viés protetivo, focado na subordinação) ou pela Justiça Comum (viés comercial, focado no contrato entre as duas PJs).
  • Risco para a Justiça do Trabalho: Críticos apontam que, caso o STF decida que o foco é o contrato comercial, a Justiça do Trabalho poderá ser esvaziada e o avanço da pejotização ilícita seria “desenfreado”.

Posição da GRS Advogados e Medidas de Compliance

O atual cenário exige cautela máxima. Independentemente da decisão final do STF, o risco de ter um contrato PJ descaracterizado como vínculo empregatício é real e crescente.

Recomendamos que as empresas que utilizam contratos PJ revisem urgentemente os seguintes pontos:

  1. Ausência de Subordinação: Garantir que o PJ tenha autonomia para definir horários, métodos e a possibilidade de delegar o serviço.
  2. Impessoalidade: O contrato PJ deve ser por serviço, e não por pessoa. O PJ não deve estar integrado à hierarquia e às rotinas internas como um empregado CLT.
  3. Formalização: O contrato deve ser um acordo de prestação de serviços detalhado e profissional, fugindo da mera “folha de ponto” ou da dependência exclusiva.

Evitar a subordinação é o único caminho legal para sustentar a contratação como Pessoa Jurídica.

A GRS Advogados está monitorando a movimentação do STF para oferecer a consultoria mais atualizada, protegendo sua empresa contra o risco de reconhecimento de vínculo empregatício e passivos trabalhistas retroativos.

O escritório GRS Advogados atua nas principais áreas do Direito na região de Sorocaba.

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